quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Dicas de HCB


Confira a matéria

10 Things Henri Cartier-Bresson Can Teach You About Street Photography


da ERIC KIM Photography.

Útil pra quem fotografa e pra quem não fotografa. Como eu faço parte do segundo grupo, curti as dicas porque elas também falam do estilo de Cartier-Bresson. Questões de geometria, tempo, revelação, paciência, temas, etc, faziam parte das preocupações do fotógrafo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Fauxmo-Erotic: Ontani


Luigi Ontani incomoda profundamente. Representante da cena artística italiana dos dias atuais, Ontani, como escreveu Nicholas Cullinan em crítica à Frieze, “situa-se historicamente entre a assexuada Arte Povera dos finais dos anos 60 e a Transavanguardia, infestada de testosterona, da década seguinte”. A arte italiana, de uma forma geral, sempre foi um pouco castrada. O lugar onde o cristianismo conseguiu fincar sua bandeira e o comunismo deixou suas influências vivas permitiu o florescimento de uma produção artística puritana.

Com o corpo nu, Ontani sexualiza. Mas incomoda. Impregnado dos contextos italianos, não mostra a liberdade sem nos lembrar da castração. No ensaio de Cullinan, ele diz: “O corpo para Ontani foi e é uma coisa relacionada com a beleza, para ser celebrada e empregada para o prazer, mais que a punição ou a catarse”. Não sei se concordo.

O que é rico em Ontani? A recorrência ao próprio corpo e ao rosto para personificar o mito, a história, o heroico, o prosaico... São maravilhosos os tableaux vivants do artista. Alguns nos lembram o prazer da vida, como defendeu Cullinan.

Outros nos acordam para o transitório da própria existência – a coroa de flores da vida é a mesma da morte.

Ontani também coloca, nas suas obras, questões como a memória. Tanto a história, quanto a pessoal. Pousa como Garibaldi, Napoleão, Shivaji (o deus da guerra na India) e vários outras personalidades ocidentais e deuses orientais.

“Oriente e Ocidente, pagão e cristão, clássico e contemporâneo colidem nesse e em outros trabalhos, que, além de suas erudições, também possuem um inquietante e negro impacto que só poderia ser descrito como um fauxmo-erotic”, aí Cullinan também fala da inquietude do trabalho. Não tão leve, não tão celebrável assim...

sábado, 22 de outubro de 2011

Meditação estética

Meditação estética é a essência do vídeo Carolyn Murphy Nowness, dirigido por Ryan McGinley. Bom demais!

John Lennon Party

Vídeo massa! Provavelmente, uma festinha dada por John Lennon. Yoko Ono de óculos espelhados, o casal do século XX em demonstrações de carinhos, fusca colorido, roupas interessantes e coloridas, cabelos mais ainda, Miles Davis e Lennon jogam basquete, bebês e mamãe, bebidas, fotógrafos e câmeras amadoras. Vale dar uma espiada nesse mundo lindo:


Trilha sonora: How do you sleep at night? - Lennon.

Falece o homem, fica a obra

O moço deixou trabalhos incríveis. Faleceu na última quinta-feira (20), aos 80 anos, por causas naturais: viveu demais, tá na hora de voltar pra cá. O fotógrafo norte-americano Berry Feinstein fez cerca de 500 fotografias para capas de discos que ficaram para a história. Começou, na profissão, enfocando as suas lentes para estrelas do cinema. Somente mais tarde, entrou no mundo da música. Pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que Berry Feinstein foi essencial na construção do imaginário existente, hoje, dos anos 70. Veja abaixo:

O último retrato de Janis Joplin, na década de 70, para o álbum Pearl. Vêem-se cores fechadas, mas contrastantes. J.J. esboça um sorriso leve e feliz. Meses depois, morreria de overdose.


O álbum dos Rolling Stones Beggars Banquet (1968), super kitsch, em que se vê uma casa de banho público pichada e envelhecida:


Uma parceria com Bob Dylan no disco The Times They Are A-Changin (1964). Trocadilho interessante no "The times they are a changing Bob Dylan":


Também fez a capa do disco de estreia dos The Byrds, em 1965, o Mr. Tambourine Man. Foto moderna dos garotos, com lentes fisheye:


Nos anos 70, fez as fotografias dos álbuns solos de Eric Clapton, David Mason e George Harrison. O de George, abaixo, me parece bem macabra. Bem em consonância (ou não) com o título do álbum "All things must pass".


Berry acompanhou Bob Dylan como fotógrafo oficial, em 1966, na famosa digressão facturante do cantor. No tour, capturou as mais conhecidas fotos do cantor, incluídas no documentário "No Direction Home" (2005) de Martin Scorcese. Antes disso, Berry já tinha feito o álbum de Dylan mostrado acima.

Mira:



quarta-feira, 29 de junho de 2011

Daniel Kornrumpf pinta e borda

O garoto, nascido na Pensilvânia (EUA), pinta e borda. Os bordados são feitos à mão, direto na tela. Cores, luz, sombra, perspectiva... Tudo com linho.

Babei!




quinta-feira, 9 de junho de 2011

"Arte al paso" na Estação Pinacoteca

Estação Pinacoteca (SP) recebe a coleção de arte contemporânea do Museo de Arte de Lima. A exposição está em cartaz até o dia 31 de julho. Sob curadoria de Tatiana Cuevas e Rodrigo Quijano, o evento expõe 100 trabalhos de 36 artistas peruanos, que refletem a paisagem sociopolítica e institucional do Peru dos últimos 40 anos. São pinturas, esculturas, instalações, vídeos e fotografias.

O nome da exposição, "Arte al paso", veio do projeto criados nos anos 80 pelo coletivo de arte E.P.S. Huayco. Nos anos 50, houve migração de populações rurais do Peru para as cidades. Nas ruas de Lima, surgiram empregos informais, chamados de "al paso" (de passagem). A arte do coletivo seria também "de passagem", para ser consumida das ruas, assim como o eram os empregos informais que surgiram nos anos 50. A crítica do coletivo, justamente, foi dirigida aos vazios institucionais do Peru, que, nos anos 70, não possuía sequer um museu de arte moderna. Escolheram, assim, os caminhos alternativos das ruas.

Serão expostas obras de artistas como Emilio Hernandez Saavedra, que denuncia os vazios institucionais no Peru, Sandra Gamarra, Suzana Torres, Fernando Bryce, Alfredo Márquez e Armando Andrade.

ARTE AL PASO – COLEÇÃO CONTEMPORÂNEA DO MUSEU DE ARTE DE LIMA De 28/5 a 31/7: ter. a dom. 10h/17h30. Estação Pinacoteca: Lgo. General Osório, 66, t Luz, tel. 3335-4990. R$ 6 (grátis aos sábados)

Tudela (Armando Andrade) / 2005

Glória Evaporada (Eduardo Vilanes) / 1994

Carpeta Arte Al Paso (Huyaco) / 1980

Sin titulo (Christian Bendayán)

Remember Fernandito 2 (Jesús Ruiz) / 1987

(Armando Andrade)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sinto nos meus ossos


DentroFora, peça da Companhia de Teatro In.Co.Mo.De-Te, Rio Grande do Sul, levou aos espectadores o texto "Hide And Seek", de Paul Auster. Existencialista, a peça de Auster foi reinterpretada de uma forma leve pelos atores Nelson Diniz e Liane Venturella: momentos de incomunicabilidade criaram risos e roupas com referências clow humorizaram as personagens. DentroFora esteve dentro da programação do Palco Giratório e conseguiu conquistar a atenção do público.

Que seja. O que mais me chamou atenção foi a profundida e a beleza do texto. Busquei Paul Auster. Li e reli. Ouvi e re-ouvi os diálogos de DentroFora. O texto quer mostrar um homem e uma mulher (cada um dentro de uma caixa de madeira) conversando sobre momentos bons que viveram, vazios emocionais, o frio do corpo e da alma, a busca por algo que não se sabe bem o quê, a incomunicabilidade, o vazio de significado das palavras...

MAN. How about "blue"?
WOMAN. Ah yes, blue. (Closes eyes, smiles.) That's a very nice word.
MAN. Do you see what I mean?
WOMAN. Yes. (Smiles with inward pleasure.) I see ... blue.
MAN. No. I mean ... think of the word blue.
WOMAN. That's what I'm doing. And I see blue ... beautiful blue.
MAN. But blue isn't a word like other words. (Pause.) It doesn't mean anything.
WOMAN. Of course it does. It means "blue."
MAN. But what can you really say about blue?
WOMAN. I can say ... Blue ... is blue. A color. I can say: blue is a color.
MAN. But that doesn't help, does it? I mean, it doesn't let you see blue.
WOMAN. All I have to do is say "blue" ... and then I see blue.
MAN. Yes. But you see it only because you've already seen it.


A visão de que as palavras são vazias e só adquirem significado a partir do momento em que alguém aponta para uma cadeira real e diz: "isso é uma cadeira". A tentativa de mostrar que a incomunicabilidade é real. Sempre foi.

MAN. It's cold in here.
WOMAN. No it's not. It's quite warm.
MAN. Maybe for you. For me it's cold.
WOMAN. No. If it's warm for me, that means it's warm for both of us.
MAN. But ... (Exasperated.) ... I'm shivering.
WOMAN. It's your imagination.
MAN. What are you talking about? It's my body. The cold is in my body.
WOMAN. (Patiently.) No, my love. It's in your mind.


Se é quente para mim, é quente para você, e assim somos iguais. Não aceito nossas diferenças.

Enfim. Enfim! Vale a pena ler. Fica a dica. Sublime.

WOMAN. Do you think we'll ever find it?
MAN. What makes you so sure we haven't found it already?
WOMAN. My bones. I feel it in my bones.

É. Sinto nos meus ossos que ainda não encontrei o que quero.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Hiperrealismo na escultura: Ron Mueck


Absurdamente real e puramente imperfeitas são as esculturas de Ron Mueck. Por mostrar as falhas e feísmos do corpo humano nos mínimos detalhes, Mueck atinge uma dose impressionante de realismo. Dá vontade de tocar de tão real. Ron faz hiperrealismo na escultura, assim como a Monja Isabel (vide outros posts) fez na pintura.

Mueck nasceu na Austrália e, em 1983, foi pra Londres. Lá, acabou entrando na publicidade como criador de manequins. Tempos depois, recebeu da pintora portuguesa Paula Rego a encomenda de fabricar um manequim de Pinóquio para um dos seus trabalhos. De tão perfeito e impressionante, a pintora resolveu guardá-lo em seu ateliê para, em um dia de sorte, o colecionador de arte Charles Saatchi encontrá-lo e, impressionado, lançá-lo no mundo da arte.

São trabalhos impressionantes e inquietantes: uma escultura de um metro do seu pai morto, um rosto masculino com barba mal-feita e os lábios quase vivos de tão corados, um garoto magro em postura de submissão, uma senhora velha com ares cansados e rugas profundas, um bebê recém-nascido, ainda em sangue, com a pele dobrada. Etc etc. Sentimentos e tipos típicos da realidade, mas extremamente assustadores por seres alcançados através de uma matéria morta.







O que é hiperrealidade? É a realidade aperfeiçoada, a perda da capacidade de distinguir realidade e fantasia, de forma tão profunda, que, em processo simbiótico, as duas se irmanam e tornam-se um, o hiperreal.

Para captar a essência dos trabalhos de Ron Mueck, só ao vivo. Por fotografia, uma escultura pode ser várias esculturas, devido às diferenças de ângulo que nos impõe diferentes sentimentos. Tipo aqui: