quarta-feira, 6 de abril de 2011

Amar o transitório







"Entrar no acaso e amar o transitório", foi o que disse o poeta Carlos Pena Filho em "A Solidão e Sua Porta". Aceitar as confusões no Líbano e o domingo à tarde vazio. Abraçar as surpresas e a rotina. Desistir de definir, separar, ordenar, teorizar, revisar, recortar, apagar e colar os fatos da vida. Viver sem lenço, sem documento. Criar o destino através da penetração no acaso. Gostar do inacabado, do imperfeito, do estragado que restou. Mais erosão, menos granito. Amar, finalmente, o que dá e passa. O que não passa?

É o que sinto quando leio as tirinhas de Liniers, cartunista argentino que tem, na carteira de identidade, o nome de Ricardo Siri. Vejo um verdadeiro louvour à vida como ela é - comum nos grandes acontecimentos, insólita nos pequenos. Não tem como não amar as historinhas, as personagens e o traço definido e simples dos desenhos.

Macanudo, seu prin
cipal trabalho, surgiu em 2002 e ganhou publicação no La Nación por indicação da cartunista Maitena, famosa pelos maravilhosos "Mulheres Alteradas". Os personagens extraordinários de Macanudo ganham fama: O misterioso homem de preto, Enriqueta e seu gato Fellini, Alfio, A bola troglodita e o próprio Liniers, que se desenha como um coelho! Todos os sábados, publica na Revista ADN, do La Nación, a sessão de tiras "Coisas que acontecem quando se está vivo", em que conta fatos de sua vida cotidiana.

Liniers também p
inta quadros. Acompanha o músico e amigo Kevi Johansen nos seus shows - o público, enquanto escuta a música, assiste Linier pintando.

Massa.


Um comentário: