quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Les Chansons D'Amour



E agora vai a pergunta desconcertante: quem nunca teve um amor mal resolvido? Dois amores mal resolvidos? Três, quatro? Quem nunca amou mais do que foi amado e foi amado mais do que amou? Quem, quem? Quem já pensou que iria amar pra sempre, mas de repente a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu? E quem, ao contrário, já ficou de cara, de bobeira, desolado, que nem José?

É fato, minha gente. Todo mundo já viveu aquele draminha europeu, se já não tiver vivido o quente - mas profundamente melancólico - dramalhão mexicano. É que nem feijão e arroz. Pão e manteiga. Café. Tem que ter na vida do ser humano! Tem que ter aquele papinho pra compartilhar com as amigas. Aquela fofoquinha básica que completa o dia. O draminha faz parte. O dramalhão também, mas só de vez em quando.

Então... Amor vai, amor vem, e o que me aparece? Les Chansons D'Amour, para que eu cante sozinha! São as ironias da vida. Se tiver namoro e mimimi, os filmes são Tropa de Elite, Bastardos Inglórios... Coisinhas delicadas! Mas a grande novidade está no filminho de 1h30min. Pequeno. Simples. Conciso, mas recheado. O musical de Cristophe Honoré traz nada mais, nada menos que Louis Garrel, Ludivine Sagnier, Chiara Mastroianni e um relacionamento à três, tão atípico quanto incompreendido. O que há de mais verdadeiro na abordagem de Honoré é que a incompreensão se infiltra em todos os aspectos: na sociedade e nos próprios amantes - Ismaël (Louis Garrel), Julie (Ludivine Sagnier) e Jeanne (Chiara Mastroianni). Como colocar aquela teia sentimentos em um formato linear? Como querer dois em um? Ou um em dois? A autenticidade da dúvida, a liberdade da incompreensão, a admissão das diferenças são quase libertárias: se assume o que não se entende e vem a harmonia. O elemento novo, Erwann, interpretado por Grégoire Leprince-Ringuet, traz o contratempo. Aquele que sempre existe. Que um dia vem. Não importa as muralhas ou a base do edifício.




Não posso esquecer da trilha sonora! Composta por Alex Beaupain, é perfeita. São músicas daquelas que você escuta antes de sair da cama, depois de sair da cama, antes do café da manhã, depois do café da manhã e assim sucessivamente. Um achado. E ficam lapidadas, avec ces chansons d'amour, nossas canções de amor. Des bonnes raisons por t'aimer (as boas razões por te amar), a primeira música, se transforma em Inventaire (o inventário), da separação.

Recomendo pros apaixonados, amados, amantes, solteirões, desquitados e libertados.