Mostrando postagens com marcador Pinturas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pinturas. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de março de 2011

Laura Spector & Chadwick Grey!


Tô alucinando. Sempre dou umas alucinadas quando volto pra checar os trabalhos de Laura Spector e Chadwick Grey, uma mistura de artes plásticas com perfomance e fotografia. A historinha é a seguinte: Laura e Chadwick se trancam entre quatro paredes. Chadwick faz uma pose e Laura pinta, no seu corpo, reinterpretações de obras clássicas - e não tão clássicas - da pintura mundial. Às vezes, Chadwick faz a pose da personagem do quadro; em outras, Laura pinta em membros do corpo de Chadwick que também se destacam na pintura escolhida. Em alguns trabalhos, acontece os dois! Ou nenhum dos dois!

Enfim! O que quero dizer é que a dupla de pinturas se utiliza de inúmeras possibilidades de reinterpretação de obras de arte, e o resultado do intento é uma arte riquíssima em referências simbólicas. O que alucina é a intersecção entre o corpo de Chadwick e a pintura. Muitas vezes, o primeiro se perde no meio da profusão de cores e formas, imprimidos pelo pincel de Laura. O nome do trabalho é "Museum Anatomy", e os quadros são escolhidos através de uma investigação profunda dos arquivos de vários museus do mundo.

Por último, a fotografia - que é feita por Spector - é impressa no tamanho original da obra escolhida.

Os dois já receberam inúmeros prêmios. Nasceram em Nova Iorque, mas vivem atualmente na Tailândia, onde expandem o "Museum Anatomy".



Veja mais trabalhos de Chadwick e Laura no site oficial.

domingo, 20 de março de 2011

Arte no Japão pós-tsunami

Artistas são artistas. Só tenho isso a dizer. Gente que aspira à arte, mas vê que não tem talento, vai ser jornalista cultural, curador, crítico de arte, pesquisador cultural... Vai inventar de falar de arte. Às vezes, a gente merece um "cala a boca, menino", porque quem muito analisa acaba saindo das fronteiras do mágico. Mas deixar de falar é um exercício inaceitável.

Então aqui vou eu... Fico impressionada como a arte tem um poder recuperativo veloz. Digo: o mundo está se acabando, e a arte já o está reconstruindo. É assim. Ela não se dá ao direito de deixar os fatos da vida ao Deus dará. Ela se veste de Deus e dá a forma. Foi assim com o "pense no Haiti, reze pelo Haiti", enquanto o Haiti se acabava, com o "amanhã vai ser outro dia", e o Brasil ainda amordaçado pela ditadura... E com Guernica, U2 em Sarajevo, Valsa com Bashir... Et coetera, ad infinitum, não dá para fazer listinha.

Refuçando do avesso o The New York Times, achei uma relíquia que me associou diretamente a uma matéria que fiz pra Revista Zena há um tempo. Eu falava do furacão de criatividade que assolou novamente Nova Orleães, Estados Unidos, após o Katrina. Surgiu o mascote Kat Rina, um gato que consegue desorganizar tudo, e vários pintores passaram a se dedicar ao tema do furacão. Massa. Mas o que me lembrou a matéria da Zena foi a do The New York Times, que mostra o tratamento artístico de dois artistas japoneses ao recente tsunami que aconteceu no Japão.

Tatsuro Kuichi e Yuichi Yokoyama fizeram reinterpretações lindas, mostrando uma desordem colorida,

(Yokoyama)

e uma confusão que, além de físico-externa, possui ordem emocional.

(Tatsuro)

(Tatsuro)

Em Nova Orleães, o que se viu foram artistas maravilhosos, como Terrance Osborne, Natalie Boos e Vigo Boom.


(Terrance Osborne)


(Terrance Osborne)

Os caminhos da arte que, quando não se cruzam, se intercruzam.

Para ler a matéria da Zena, clique aqui.
Para ler a publicação do The New York Times, aqui.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Uma monja



Isabel Guerra é imperdível! Se eu dissesse que seus trabalhos são fotografias, todos acreditariam. Na verdade, é pintura hiperrealista. Linda, linda! Isabel, autodidata, é uma referência da pintura espanhola contemporânea. Iniciou os seus trabalhos aos doze anos. Aos 23, entrou na vida monástica. A monja acorda todos os dias às 5h da manhã, reza até as 9h30 e inicia os seus trabalhos. As figuras mais representadas são jovens mulheres em posição introspectiva e serena. Isabel mora no Monastério de Santa Lucía, em Zaragoza, Espanha, e a cada três anos vai a Madri expor os seus trabalhos. Veja abaixo algumas pinturas:







segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Das filosofias sobre prisão e liberdade

Prisão é estado de alma. Sensação. São amarras internas impostas por nós a nós mesmos. As grades de Guantánamo construídas pelo inimigo inquilino. As prisões de Bagdá impostas pelo nosso xiita mais ferrenho. Mordaças medievais. Algemas universais. A prisão é um monte de terra erigido nos tempos em que os homens não sabiam o que eram navios, barcos, canoinhas de pesca. O bom é que os prisioneiros ficavam a ver estrelas, longe da expressão “a ver navios”, tão triste e desoladora.

Se a prisão pode estar presente nos campos mais vastos, por que não dizer que a liberdade está nas salas mais pequenas? Nos cubículos mais estreitos? Liberdade é sentimento. É aquilo que se leva como um pote de ouro para as quatro paredes mais invasivas, para os montes de concretos mais ameaçadores.

Pode-se dizer também que, nas Prisões - essas maiúsculas que estão por aí para prender mesmo, dentro de grades, paredes, espinhos, sistemas de segurança e de monitoração, os grandes criminosos da nação -, existe o tão precioso pote de ouro. A tão desejada e almejada por todos nós, liberdade. Também existem as ilhas, nas Prisões. Mas são aquelas ilhas novinhas, levantadas nos tempos em que os homens já sabiam o que eram botes, cruzeiros, caravelas, cruzadas. São esses pedaços de madeira lançados em oceano infinito que mantém o pote de ouro alimentado. A chama da liberdade acesa. Que alimenta, com pedaços de madeira, de querosene, de óleo mesmo, aquilo tudo, poxa, que faz fogo. Cachaça, Vodka, Whisky, põe Jurubeba, Vinho, esses maravilhosos álcoois que incendeiam a vida, vezenquando.

Se prisão é liberdade. Liberdade é prisão. Mais tristemente: Liberdade é Prisão. A vida é preto no branco, feijão no arroz, noite no dia, claridade, escuridão. São os contrastes. São eles que tornam o mundo perceptível. Não dá pra engolir a vida em um gole só, né verdade? Amor e ódio, alguém sabe separar um do outro? Palestina e Israel. Bush e Obama. Hitler e Gandhi. Um não seria compreensível sem o outro. Ainda bem, pois assim podemos entender o braille da existência.

De lá pra cá, de cá pra lá, eu queria dizer que o MAC, Museu de Arte Contemporânea, em Olinda, é triste. Um mofo só. Um calor só. Fiquei com aquela frustração artística que abala os trópicos, infelizmente. Mas penso cá: é uma riqueza histórica. O MAC foi construído em 1765 para ser uma prisão eclesiástica, enclausurando negros, feiticeiros, judeus e todos aqueles que, em tempos de Inquisição, atacaram a intocável moral cristã. Depois de ser prisão eclesiástica, o nosso MAC se transformou em cadeia pública para a cidade de Olinda. Somente em 1950, quando Pernambuco recebeu a coleção artística do Embaixador Assis Chateaubriand, que a cadeia pública se transformou em museu. Contraditório. São as ironias da vida. Alguém pensaria que essa Prisão, maiúscula maldita, se transformaria em um dos maiores territórios de liberdade, onde mora a Arte, apesar do calor fumegante do veraneio pernambucano?

Morri de calor, mas amei ter uma amiga que me deu esse insight do museu que era prisão. Fiquei antenada e abri meu coração pra’quele momento. Me abracei. Seria um insulto fazer daquele museu uma prisão. A prisão minúscula, criada por nós. E me senti livre.