sábado, 26 de março de 2011

Quem tem medo de Terry Richardson?

That’s the question. O fotógrafo de moda nova iorquino, famoso pelo seu estilo fashion porn de fotografar, não hesita na hora de desglamourizar o mundo dos famosos. Amy Winehouse agarrada numa galinha, Obama com ruguinhas focadas, Cate Blanchett sem a sua classe usual, Dercy Gonçalves surtada e cafona, a nossa Gisele Bündchen sem postura e com um cigarro na mão, Lindsay Lohan lendo as mensagens sensacionalistas que lhe deram fama... São inúmeras as imagens hilárias e escatológicas feitas pelo queridinho do mundo da moda.

No entanto, o perigo do objeto fálico de Terry (a máquina fotográfica) faz a cabeça da high society fashionista. Ninguém tem medo de Terry Richardson. Ao contrário, é luxo, baby, ser fotografado com e pelo garoto stylist que não hesita na hora de também tirar a roupa ao lado de suas modelos. Vale ressaltar que boatos rolam sobre abusos sexuais em estúdio. O próprio Terry confirma o comportamento:

"Primeiramente, eu só queria tirar umas fotos de nudez. Depois, tirei minhas roupas também... Eu até dei a câmera para a modelo e deixei-a me fotografar por um momento. Isso está relacionado com criar uma vibração, deixar as pessoas relaxadas e excitadas. Quando isso acontece, você pode fazer qualquer coisa. Não acho que sou viciado em sexo, mas sou ligado nisso. Talvez seja uma coisa psicológica de quando eu era um menino tímido e, agora, sou esse cara poderoso, dominando todas essas meninas”

Bizarríssimo. Mas, imagine, o que se passa na cabeça dos famosinhos do mundo, paparicados pela imprensa 24h por dia?

Terry nasceu com a receita perfeita para o sucesso: é filho de Bob Richardson, também fotógrafo de moda, e cresceu em Hollywood. Começou a fotografar como assistente do fotógrafo Tony Kent, que conheceu através da mãe.

(A mami)

Trabalhou para designers de moda e editoriais e publica livros periodicamente, como os Hysteric Glamour (1998); Son of Bob (1999); Feared by Men Desired by Women (2000); Too Much (2001); Terryworld (2004); Kibosh (2006); e "Rio, Cidade Maravilhosa" (2007). Nesse último, arrasou no piscinão de Ramos e nas fotos dos gatíssimos Cauã Reymond e Paulinho Vilhena.


(Paulinho lindinho)

(Muita classe no Piscinão de Ramos)

(Dercy Gonçalves. SAUDADES!)

(A princesinha Mary Kate)

(Lindsay Lohan causando)

(No comments about it)

Terry Richardson tem um blog. Lá, ele posta as fotos e os fatos mais recentes. Veja aqui!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Realismo Bizarro

Salvem Li Wei, que o cara tá possuído!

Enfrentar os limites do corpo, do horizonte, da percepção, lutar contra a lei da queda livre, da gravidade, do pei-buf é o desafio imposto por Li Wei a ele mesmo. É perfomático. Mas, antes do corpo pender para a esquerda ou direita - ou, por que não? para baixo -, existe a foto. Plec. Tá feito o trabalho. Preciso ressaltar que não. Não há Photoshop. É tudo feito no A + B, no realismo mesmo. Por mais que seja bizarro.

Algumas fotografias atingem as suas impossibilidades através de truques fotográficos que se utilizam de espelhos. Cabos, andaimes e acrobacias (claro!) também são usados.

O artista nasceu em Hubei, China, nos anos 70. Sua primeira série de trabalhos foi "Mirroring". Depois, "Falls", um dos seus últimos trabalhos. Hoje, Li Wei mora em Pequim e é um dos representantes da arte contemporânea de lá.
Massa, né?


(Falls)

(Falls)


(Mirroring)

(Mirroring)

(Mirroring)

terça-feira, 22 de março de 2011

Laura Spector & Chadwick Grey!


Tô alucinando. Sempre dou umas alucinadas quando volto pra checar os trabalhos de Laura Spector e Chadwick Grey, uma mistura de artes plásticas com perfomance e fotografia. A historinha é a seguinte: Laura e Chadwick se trancam entre quatro paredes. Chadwick faz uma pose e Laura pinta, no seu corpo, reinterpretações de obras clássicas - e não tão clássicas - da pintura mundial. Às vezes, Chadwick faz a pose da personagem do quadro; em outras, Laura pinta em membros do corpo de Chadwick que também se destacam na pintura escolhida. Em alguns trabalhos, acontece os dois! Ou nenhum dos dois!

Enfim! O que quero dizer é que a dupla de pinturas se utiliza de inúmeras possibilidades de reinterpretação de obras de arte, e o resultado do intento é uma arte riquíssima em referências simbólicas. O que alucina é a intersecção entre o corpo de Chadwick e a pintura. Muitas vezes, o primeiro se perde no meio da profusão de cores e formas, imprimidos pelo pincel de Laura. O nome do trabalho é "Museum Anatomy", e os quadros são escolhidos através de uma investigação profunda dos arquivos de vários museus do mundo.

Por último, a fotografia - que é feita por Spector - é impressa no tamanho original da obra escolhida.

Os dois já receberam inúmeros prêmios. Nasceram em Nova Iorque, mas vivem atualmente na Tailândia, onde expandem o "Museum Anatomy".



Veja mais trabalhos de Chadwick e Laura no site oficial.

domingo, 20 de março de 2011

Arte no Japão pós-tsunami

Artistas são artistas. Só tenho isso a dizer. Gente que aspira à arte, mas vê que não tem talento, vai ser jornalista cultural, curador, crítico de arte, pesquisador cultural... Vai inventar de falar de arte. Às vezes, a gente merece um "cala a boca, menino", porque quem muito analisa acaba saindo das fronteiras do mágico. Mas deixar de falar é um exercício inaceitável.

Então aqui vou eu... Fico impressionada como a arte tem um poder recuperativo veloz. Digo: o mundo está se acabando, e a arte já o está reconstruindo. É assim. Ela não se dá ao direito de deixar os fatos da vida ao Deus dará. Ela se veste de Deus e dá a forma. Foi assim com o "pense no Haiti, reze pelo Haiti", enquanto o Haiti se acabava, com o "amanhã vai ser outro dia", e o Brasil ainda amordaçado pela ditadura... E com Guernica, U2 em Sarajevo, Valsa com Bashir... Et coetera, ad infinitum, não dá para fazer listinha.

Refuçando do avesso o The New York Times, achei uma relíquia que me associou diretamente a uma matéria que fiz pra Revista Zena há um tempo. Eu falava do furacão de criatividade que assolou novamente Nova Orleães, Estados Unidos, após o Katrina. Surgiu o mascote Kat Rina, um gato que consegue desorganizar tudo, e vários pintores passaram a se dedicar ao tema do furacão. Massa. Mas o que me lembrou a matéria da Zena foi a do The New York Times, que mostra o tratamento artístico de dois artistas japoneses ao recente tsunami que aconteceu no Japão.

Tatsuro Kuichi e Yuichi Yokoyama fizeram reinterpretações lindas, mostrando uma desordem colorida,

(Yokoyama)

e uma confusão que, além de físico-externa, possui ordem emocional.

(Tatsuro)

(Tatsuro)

Em Nova Orleães, o que se viu foram artistas maravilhosos, como Terrance Osborne, Natalie Boos e Vigo Boom.


(Terrance Osborne)


(Terrance Osborne)

Os caminhos da arte que, quando não se cruzam, se intercruzam.

Para ler a matéria da Zena, clique aqui.
Para ler a publicação do The New York Times, aqui.

sexta-feira, 18 de março de 2011

The PEN Story

O Youtube é a maravilha dos nossos tempos! Fuçando aqui e ali, a gente acaba encontrando vídeos inteligentíssimos e super bem produzidos. Mas foi numa aula não tão usual de Métodos de Pesquisa em Comunicação que tive contato com uma produção show, vídeo-propaganda da Olympus.

O vídeo é um stop motion refotografado em stop motion. Como assim, gente? É assim: ele fotografa cenas que podem ser colocadas em formato contínuo e, depois, fotografa as fotos feitas uma ao lado da outra. Essa segunda parte de refotografar também é feita em stop motion, mostrando partes da casa. Deu pra entender? Dá uma olhada aqui:



A produção se configura dentro das novas formas de se fazer propaganda. Antes do produto, a ideia. E a venda da ideia exige publicidades mais elaboradas. Basta dizer que, para fazer esse videozinho aí de 3 minutos, foram tiradas 60.000 fotos! Pesado. O bom - ou o ruim, talvez - é que acabamos nos apaixonando por inúmeros trabalhos. Aquela paixonite artística, catártica, por trabalhos publicitários. Bizarro, né? É aí que fica a polêmica das fronteiras entre arte e publicidade. Acho que, hoje, está cada vez mais difícil desassociar o mundo de si mesmo.

Para dar mais algumas informaçõezinhas, o The PEN Story se inspirou no A wolf loves pork, de Taijin Takeuchi (super-ultra-mega parecido), e tem a trilha sonora de Johannes Stankowski, Down Below. Belíssima!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Neshat


Fotógrafa e videoartista, Shirin Neshat nasceu no Irã, em 1957, numa família de classe média alta. Quando a Revolução Iraniana eclodiu - e vestiu mulheres com sufocantes burcas -, Neshat foi para Los Angeles, Estados Unidos. Foi lá que construiu a sua vida. Mas foi no ano de 1990 que tudo mudou: de volta para o Irã, Shirin se deparou com uma sociedade praticamente desconhecida, já que se deslocou para a América antes de ver as mudanças ocasionadas pela Revolução.

"Essa foi provavelmente uma das experiências mais chocantes que eu tive. A diferença entre o que eu lembrava da cultura iraniana e o que eu via era enorme. A mudança era tão assustadora quanto excitante; eu nunca estive em um país tão enraizado em uma ideologia. Mais perceptível, é claro, era a mudança na aparência física e no comportamento público das pessoas"

A partir do contato com o universo simbólico do seu país-origem, Neshat deu início ao seu primeiro corpo de trabalho, Women of Allah Series, que, a partir do uso imagético de poemas persas e armas, procura, respectivamente, questionar pontos como exílio e martírio e lembrar à sociedade que, por dentro das burcas, a rebelião está viva.




Em seus trabalhos, Neshat analisa a submissão da mulher causada pelo discurso simbólico muçulmano, a união mais estreita entre elas devido à situação opressora e a liberdade em estado latente. Além disso, aborda a complexidade dos contrastes, como a relação homem e mulher, Ocidente e Oriente, luz e sombra, preto e branco.

Além de fotógrafa, Shirin compôs alguns curtas-metragem, como Women Without Men e Zarin. O primeiro aborda a complexidade da união de forças religiosas, políticas e sociais que se impõem sobre as mulheres muçulmanas. Já Zarin, feito recentemente, mostra um aspecto mais amadurecido de Neshat quanto às mulheres árabes, que são mostradas não só como vítimas, mas também como seres dotados de força e humanidade.

Zarin Series

Zarin Series

quarta-feira, 16 de março de 2011

Baba, baby

Jonathan Leder, no mundo digital, ainda usa filmes 35mm. E se volta para a sensualidade americana. Para quem tá acostumado com a beleza androide de Lady Gaga, como definiu a ensaísta e escritora estadunidense Camille Paglia, as fotografias de Jonathan são reveladoras. O que se vê nos corpos fotografados é a concepção americana de que a magreza é bela, mas que o lirismo, a autenticidade e o entre-corpos não podem se perder.


"I don't like when girls are too perfect. I like a girl with character, who has something real about her. I generally prefer to work with American whenever possible, only because I understand their culture and background more, and I think this is important. I also don't like it when the pictures become too much about lighting or the clothes"

Suas fotografias não são "meaningless". Jonathan sempre se preocupou em contar alguma história, fazer as pessoas sentirem algo, se impulsionarem a algum ponto. Daí a sua preocupação de não tornar o seu trabalho "too much about lightining or the clothes". Admite imperfeições, vindas da luz, dos grãos do filme... Mas, sem elas, não haveria beleza.

Jonathan acredita que a vida é mais como um círculo do que como uma linha. Não podemos fugir de nós mesmos.

Quanto às fotos, baba, baby.





Veja mais aqui!

Uma monja



Isabel Guerra é imperdível! Se eu dissesse que seus trabalhos são fotografias, todos acreditariam. Na verdade, é pintura hiperrealista. Linda, linda! Isabel, autodidata, é uma referência da pintura espanhola contemporânea. Iniciou os seus trabalhos aos doze anos. Aos 23, entrou na vida monástica. A monja acorda todos os dias às 5h da manhã, reza até as 9h30 e inicia os seus trabalhos. As figuras mais representadas são jovens mulheres em posição introspectiva e serena. Isabel mora no Monastério de Santa Lucía, em Zaragoza, Espanha, e a cada três anos vai a Madri expor os seus trabalhos. Veja abaixo algumas pinturas: